Ninguém tem a fórmula da Coca-Cola, nem o Deep Purple

    O que será que a fórmula da Coca-Cola e Deep Purple tem a ver com cerveja? Com o título deste post e um pouco de rock podemos pensar sobre uma questão que incomoda muita gente, o plágio. A lenda da fórmula da Coca-Cola fechada a sete chaves não convence mais faz tempo. Uma mística que faz a marca fortalecer ainda mais seu produto. Com a tecnologia de hoje a menor das fábricas já poderia ter uma Coca-Cola replicada. Mas qual seria a vantagem? Por exemplo, a Fruki gastar bastante suor e pesquisa para dizer “clonamos a Coca-Cola”. Sim, e daí? A Coca-Cola eu já conheço.

    No Rock um dos riffs mais tocados é da música "smoke on the water". Um riff despretensioso do guitarrista Ritchie Blackmore, com uma história interessante e cercado de lendas. Depois de vender mais de 2.000.000 de cópias em 1972, sim existiu um época de venda de LP´s, a música com sua simples notas “pam-pam-pam, pam-pam, pamparararã” não saiu mais da cabeça dos roqueiros, nem da minha. O Deep Purple não imaginava o sucesso que teria e colocou no lado B do LP, isso mesmo crianças, tinha que virar o disco para tocar. As notas são tão fáceis e tão tocadas que algumas lojas de instrumentos musicais proibiram que toquem experimentando guitarras, o que já virou motivo de piada. No seriado Two and a Half Men um episódio usa disso para fazer graça com o ator mirim do personagem Jake.



    O que é interessante é que depois de todo esse sucesso Ritchie foi acusado de plágio. Primeiramente por ter copiado o trecho da música “Loose” do The Stooges, do   punk-rock Iggy Pop, lançada dois anos antes no álbum Funhouse (Opa! daí já tem a ver com cerveja, do Leo Sewald... depois veremos...). Se for bom de ouvido dá para identificar o riff.



    Para outra que apontam o dedo é para composição de Carlos Lyra e Vinícius de Morais, Maria Moita, de 1962! Para o musical Pobre Menina Rica. Nesse vídeo, com uma levada diferente “new-bossanova”, se percebe melhor o trecho que Blackmore teria se apropriado indevidamente.



    Apesar de toda essa lenda em torno do plágio o Deep Purple e Ritchie Blackmore não configuram plágio, mesmo que fosse imitação, porque precisam 12 compassos iguais para essa configuração. Seja na coincidência ou mera semelhança os ataques persecutórios não deixam de existir. Na mente/memória musical dos músicos deve embrulhar zilhões de Hurricanes inspiratórios para que em um momento de criatividade venha tudo à tona. Como vamos dizer que um original não foi inspiração para a grande obra mais original ainda? Não se pode dizer que não é genial esse simples conjunto de notas musicais colocado naquele momento e com a história da banda.


Vai dizer que não arrepiou!?


    O mais engraçado disto tudo é que Ritchie veio em uma entrevista dizer que esse compasso foi inspirado em Beethoven, na 5ª Sinfonia de trás pra frente. Ah tá! Ninguém sabe mais nada. É melhor deixar assim. (nesse link um japa arrebenta tocando na guitarra)

E o que será que isso tem que ver com cerveja e Coca-Cola?


    Da mesma forma que o músico busca alguns elementos de sua experiência musical para a formulação de sua música o cervejeiro também procura seu Santo Graal através dos aromas, sabores e sensações vivenciadas. A água, o malte, o lúpulo, o levedo e toda a técnica cervejeira se coloca a disposição para a criação de algo único. Único? Tenho certeza que sim. Nenhum cervejeiro, caseiro ou não, sente-se orgulhoso em fazer a réplica ‘perfeita” de uma cerveja já conhecida. Na proposta Homebrew de “faça você mesmo como você quiser” os ingredientes estão lá para serem usados e abusados com criatividade.

    A criatividade e a técnica, combinada com bons ingredientes é a fórmula ideal de um Homebrew fazer a sua cerveja. E o que mais?... bem, ... depois é que outras pessoas bebam e que possam compartilhar a experiência Podemos constatar o desprendimento dos cervejeiros em relação as suas receitas porque eles sabem que nenhuma cerveja fica igual a outra simplesmente porque é outra pessoa que está fazendo. A avaliação de outro cervejeiro ou do bebedor de cerveja sobre sua cerveja é a proposta de compartilhamento. Também não teria graça nenhuma repetir sempre a mesma receita. O aprendizado é constante com a troca de equipamentos e técnicas, e através das inúmeras fórmulas de se fazer cerveja. Neste ponto podemos conclamar: Cervejeiros livrem-se das amarras! Exercitem o desapego! Façam e compartilhem suas cervejas.

    Podemos ver o exemplo de Leonardo Sewald que em seu site estão os ingredientes de sua Funhouse (falei lá no começo que tinha a ver, mas no site a referência para o nome é outra).

    Outro cervejeiro que aposta nessa filosofia é Leonardo Botto (dois Leonardos, será que é plágio? heheheh) que coloca em seu blog as receitas caseiras, e ainda distribui criatividade em sua cerveja com guaraná.

    Uma curiosidade é que esses dois cervejeiros citados ainda gostam de fazer cerveja rolando uma música durante a brassagem. São dois apaixonados pela cerveja e estudiosos do processo cervejeiro e o resultado dessa química fascinante nós somos presenteados em cada copo.

Mas provem suas cervejas e digam se vocês já tomaram algo igual.

O que vocês estão esperando?

Comprem o novo documentário do Deep Purple que sai no final do mês, dia 28 de junho.

Façam suas cervejas e compartilhem. (EUQFIZ! Cerveja)

Tomem uma Funhouse!


Saúde e boas cervejas!

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